Fundo de risco prevê ganhos com IOF na compra de ações

A cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de Investimentos estrangeiros deve passar longe dos fundos de private equity, que aplicam recursos em empresas com potencial de crescimento. Representantes do setor e especialistas acreditam que o investidor estrangeiro continua a ver o Brasil como uma das melhores opções de investimento, e que os fundos de Risco podem até mesmo tornar-se uma alternativa de fuga para o novo imposto.

Sidney Chameh, vice-presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP), afirma que a nova taxação não vai alterar o mercado de private equity. "Nosso tipo de Investimento é de longo prazo, por isso acredito que a medida não nos afetará", explicou.

Mesmo com esse otimismo, a entidade foi uma das que participaram da elaboração do comunicado preparado pelas várias entidades que representam o Mercado de capitais brasileiro.

"As entidades entendem a preocupação do governo com a trajetória recente da taxa de câmbio, mas consideram que a medida reduz a capacidade do Mercado de capitais de exercer seu papel mais fundamental: o de financiar o desenvolvimento econômico", diz o documento.

Além da ABVCAP, assinaram a carta as associações das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp); das Companhias Abertas (Abrasca); dos Bancos de Investimento (Anbid); Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro (Andima); e a Bolsa de Valores, Mercadorias & Futuros (BM&F Bovespa).

As entidades destacam também que "no período recente, o Mercado de capitais tem-se consolidado como fonte importante de financiamento de longo prazo, alocando Poupança externa e interna a projetos de Expansão das empresas brasileiras. A instituição de 2% de IOF sobre operações reduzirá o volume de aplicações destinadas a esse importante canal de Capitalização dos setores industriais e de serviços", diz. A principal preocupação do mercado fica relacionada às novas ofertas públicas de ações que estão em andamento na Comissão de valores mobiliários (CVM). A grande maioria do mercado acredita que a taxação vai fazer com que as companhias captem menos em sua oferta, reduzindo o número de operações e o apetite do investidor.

O primeiro teste virá com a Oferta primária de ações (IPO, na sigla em inglês) da Cetip (Balcão Organizado de Ativos e Derivativos), que deu início ao seu período de reservas de ações no mesmo dia em que o IOF passou a ser cobrado dos estrangeiros.

"Eu tenho esperança do governo rever estas medidas antes do primeiro IPO, espero que o governo seja sensível as nossas propostas de mudança para que não impactar os próximos IPOs", disse Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa, na noite em que o governo anunciou o IOF.

Entre os países emergentes o Brasil estava sendo considerado um destaque positivo por conta de seu potencial de crescimento, porém, assim que anunciada a medida, alguns especialistas já afirmavam que o País vai perder muito com a taxação.

"O investidor estrangeiro não gosta de taxa, já vi em outros mercados os estrangeiros migrarem a seu país de origem quando souberam que seriam taxados", diz Julio Mora, operador sênior da Tov Corretora.

"A medida também reduz a competitividade do Mercado de capitais local, desviando recursos para outras regiões e afetando negativamente a capacidade das instituições brasileiras de competir globalmente e de atender às necessidades de financiamento do setor produtivo brasileiro", afirma a carta das entidades.

Criação da Anbima

Os representantes de bancos comerciais e múltiplos, bancos de investimentos, administradores de carteiras, corretoras e outras instituições que atuam no mercado financeiro brasileiro aprovaram ontem a criação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

A associação nasce da união da Anbid e da Andima, com o objetivo de fortalecer a regulação das instituições financeiras brasileiras, e agilizar os processos de registros de emissões no mercado.